quarta-feira, 19 de abril de 2017

my body's achin' so alone

19 de abril de 2001. É a data que consta na minha certidão de nascimento.
Isso significa que hoje é o meu aniversário.
16 anos. Dezasseis doces anos.
Que tristeza.

Criei expetativas demasiado elevadas para este dia. Burrice minha, já devia ter aprendido que esta data serve apenas para me lembrar de que não passo de um ser invisível. Fiquei à espera que ele não apenas me desse os parabéns, mas que também me desse um abraço, porque eu só me sinto protegida dos espantalhos que rodeiam o mundo nos seus braços. Quase que nem se lembrou. Mas a história dele fica para outro dia.

Será normal ter uma nó na garganta do tamanho de um Vesúvio num dia que supostamente devia ser feliz? Com a idade vem a responsabilidade, e eu nunca estarei pronta para as assumir. Não gosto deste dia, pois foi o dia em que vim ao mundo. Podem apontar, o meu primeiro erro foi ter ganho a corrida dos espermatozóides. Por esta hora devem estar todos a rir-se de mim. Tal como os fantasmas residentes na minha mente, e os espantalhos espalhados por aí. Já não me posso esconder. Querida Ami, preciso de ti mais do que nunca. Adoraria que estivesses presente neste dia.

quarta-feira, 1 de março de 2017

It's alright


Depender emocionalmente da comida é perigoso. Os últimos dias não correram da melhor maneira, no entanto, soube bem fugir um pouco desta pequena cidade e da sua rotina envolvente, à qual me encontro de volta, infelizmente. It's alright.
É o início de um novo mês, e sou eu que decido o que posso fazer com ele. O primeiro dia podia ter corrido melhor, mas fico contente ter feito apenas três refeições e alguns exercícios. No entanto, não é o suficiente. Eu não sou o suficiente. Nunca. Mas já me habituei à ideia, e é errado fazer as pessoas esperarem demasiado de mim mesma.
Desperdiço oxigénio sendo uma catapulta de desilusões. É só fixar o alvo, jogar um jogo e desiludir. Desiludir, desiludir, desiludir. É algo em que eu me posso auto-nomear de expert. It's alright. É tudo uma questão de hábito.

54,1kg. "Nojo" é uma palavra forte. E as palavras são os objetos cortantes que nos rasgam a alma. Espero que da próxima vez que subir à balança, traga melhores notícias. Obrigada pelo vosso carinho no último post.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

it's hard to hold a candle in the cold November rain


Os dias andam um pouco chuvosos por aqui. Época de inverno, fria como certas almas. A minha cara está horrível. Preciso de parar de espremer as espinhas. Ninguém disse que a adolescência era fácil. Emoções à flor da pele.
Rejeição.
Oportunidades que deixamos ir, resultando em corações partidos.
Preciso de dedicar algum tempo a mim mesma. Uma noite de sono decente, chá, exercícios. Uma máscara para a pele e pintar as unhas. Azul elétrico e preto sempre foram as minhas cores de verniz favoritas. Os três dias de férias que se aproximam parecem ser a altura perfeita. No entanto, vem aí um aniversário, e como consequência, um almoço nalgum restaurante. Planear tudo com antecedência é essencial, para nada ir por água abaixo.

53,6kg. Ainda preciso de batalhar muito. Boa sorte ♡

sábado, 18 de fevereiro de 2017

I'm not like them, but I can pretend


O passado bate à porta todas as noites. Deixa a minha cabeça de pernas para o ar. Faz com que saia da cama durante a noite, mas ao mesmo tempo, faz com que eu não me queira levantar de manhã. Talvez seja esse o motivo da minha fraqueza. Deve ser isso.
Tão fraca que já não consegue segurar o choro. Curioso como o cubículo que fica no fundo da casa de banho é o que todos escolhem quando as lágrimas começam a correr, assim, sem aviso prévio. A preocupação fingida de quem bate à porta, a dizer que vai tudo ficar bem e a supor que a culpa de todo aquele rio é das provas e do stress escolar é algo de mirabolante. Mal sabem eles dos cortes, das noites sem dormir, dos cigarros meio acesos, da Ana. Mas tornou-se tão fácil fingir. Parti um espelho na semana passada. Ahahahaha.

Foco. É tudo o que eu preciso. E uma boa dose de Skins ao som dos Nirvana.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

all the lonely people, where do they all belong?


Chamas envolvem pequenos bocados de madeira, com um leve manto de labaredas. Assim como um esqueleto envolve uma menina, puxando-a para um poço de escuridão sem fim. Ela é cautelosa, pois aos olhos dos seres que ditam as regras, a menina é apenas uma adolescente inocente. Mas eles foram cegados à tanto tempo. Mal sabem eles que a menina está no poço da miséria, dominada pelo esqueleto que a acolhe durante o dia, e não a deixa dormir durante a noite.

O nome dela é Athena. Não sabe de onde veio. Muito menos onde pertence. Mas sabe que vai poder voar para longe daqui. Como uma leve borboleta.